Eusébio Bola de Ouro – Toda a História

A Infância de Eusébio Antes do Futebol

Lourenço Marques, atual Maputo, Moçambique. A 25 de Janeiro de 1942 nascia Eusébio da Silva Ferreira. Filho de Laurindo António da Silva Ferreira, Angolano e Elisa Anissabeni, Moçambicana, juntou-se aos já três filhos do casal. Moçambique era à época, tal como continua a ser, uma das nações mais pobres do planeta.

Eusébio faltava frequentemente à escola para jogar futebol com recursos mínimos. Descalço, com bolas improvisadas em baldios ou nas ruas do seu bairro, Mafalala e foi ali que a sua paixão pelo desporto-rei se fez valer. Aos 8 anos de idade, Eusébio perdeu o pai para o tétano, deixando-o por completo ao cuidado da sua mãe Elisa.

Início de Carreira de Eusébio no Futebol

Com 15 anos, Eusébio jogava pelos “Os Brasileiros Futebol Clube” em Moçambique. Dita a ironia do destino que procurou integrar “O Desportivo”, à época filial do SL Benfica e foi dispensado por um problema com o joelho. Essa recusa levou-o a juntar-se a um clube rival e filial do Sporting CP, o Sporting Lourenço Marques.

Muitos ignoram esta curiosidade, mas a realidade é que Eusébio jogou de leão ao peito antes de levar as asas da águia. O treinador Laurindo António da Silva Ferreira, não tinha dúvidas: a energia explosiva do jogador denotava que não se tratava de um atleta banal. Eusébio faria 77 golos em 42 partidas na sua primeira equipa entre 1957 e 1960.

Como podes constatar, os números impressionam. Era claro que Eusébio era grande demais para a realidade do futebol Moçambicano e em 1960 já o treinador Béla Guttmann ouvira falar da estrela em ascensão. Uma das maiores polémicas do futebol português ainda persiste em redor de um mito, recentemente levado ao polígrafo da SIC.

Reza a lenda que o Benfica raptou o jogador de 17 anos à chegada ao aeroporto de Lisboa, mas a versão dos factos contada pelo próprio Eusébio indica que foi o Sporting quem não quis abrir os cordões à bolsa. O Benfica oferecia 150 contos (750 euros ao câmbio atual), tendo mais tarde ajustado a oferta para 250 contos (1.246 euros).

Eusébio havia viajado para Lisboa de avião sob nome falso, Ruth Malosso, a 15 de dezembro de 1960 de forma a evitar o aliciamento leonino. Sabendo da influência do Sporting na altura, era a única forma de assegurar uma negociação sem percalços com o jovem prodígio do futebol.

O Sporting só fez uma oferta real pelo jogador, na ordem de 500 contos (2.500 euros) já este havia assinado pelo rival. Eusébio nunca escondeu que se sentiu desrespeitado pela direção do clube leonino na época, tendo claramente alterado o rumo da história para os dois emblemas.

Estreia Pelo Benfica e Palmarés

23 de maio de 1961, Estádio da Luz, Benfica defronta o Atlético Clube de Portugal num amigável. O resultado final de 4-2 a favor das águias carimba um hat-trick de Eusébio. A 31 de Maio o Benfica conquistaria a Final da Taça dos Campeões Europeus perante o FC Barcelona. Estrear-se-ia pela Seleção Nacional a 8 de outubro de 1961.

Ao contrário do imaginário popular, Eusébio não participou da primeira conquista europeia do Benfica. Imagina o que seria ter um jogador assim para as tuas apostas desportivas online. A assinatura do seu contrato foi tudo menos pacífica e não permitiu que o processo estivesse terminado a tempo de alinhar para este jogo lendário. Os saudosos José Águas e Mário Coluna resolveram a partida, com uma ajuda de um autogolo de Antoni Ramallets.

Eusébio jogaria de águia ao peito entre 1960 e 1975. Na sua carreira, jogou 557 partidas e marcando 596 golos nas diversas competições. O seu palmarés é nada menos que lendário e inclui a Bola de Ouro de 1965, Bola de Prata de 1962 e múltiplos prémios de melhor marcador do campeonato nacional. Foi ainda o melhor marcador da fase final do Mundial Inglaterra 66, com 9 golos.

O Mundial de 1966 e as Lágrimas de Eusébio

Foi no Mundial de 1966 em Inglaterra que a sua imagem correria mundo e o cimentaria como símbolo internacional. Eusébio foi considerado o Melhor Jogador do Mundial 66, e voltaria a obter uma Bola de Prata. Bota de Ouro em 1968 e 1973 para o melhor marcador europeu, entre inúmeras distinções nacionais ao mais alto nível, entre as quais a Ordem do Infante.

A fase de grupos não atemorizou a seleção das quinas, batendo a Hungria por 3-1 e a Bulgária por 3-0. Surpreendente contra o Brasil de Pelé, ao vencer por 3-1 com dois golos de Eusébio. É certo que o Rei do Futebol estava lesionado e a defesa lusa não o poupou, mas este é por muitos ainda considerado um dos melhores jogos do Século XX.

Um dos momentos maiores foi a remontada de Portugal frente à surpreendente Coreia do Norte nos Quartos de Final. A seleção asiática abrira o marcador ao primeiro minuto, tendo repetido tentos aos 22′ e 25′. Dois minutos depois surge Eusébio, que volta a marcar de penalti aos 43′. A segunda parte ainda daria mais Pantera, com golos aos 56′ e 59′ (novamente penalti) e com José Augusto a encerrar os 5-3.

A semifinal chegaria frente à seleção anfitriã, liderada pelo lendário Bobby Charlton que marcou aos 30′ e 80′. Portugal despedia-se aos 80′ com golo de Eusébio. A partida terminaria com a icónica imagem de Eusébio em lágrimas. A seleção tinha estado perto da imortalidade e tombara perante a eficácia inglesa. Garantiu o terceiro lugar frente à União Soviética com um 2-1 e nova marca de Eusébio, a desfazer o empate aos 89′.

Carreira Internacional do Pantera Negra

Chegados a 1975, o jogador rumou aos Estados Unidos da América. Aqui representou os Rhode Island Oceaneers e os Boston Minutemen. Viria a regressar a Portugal para representar o Beira-mar durante a paragem do campeonato norte-americano. Com acordos pagos ao jogo e não à época, mantinha a forma e capitalizava os últimos anos da sua carreira.

O momento de defrontar o Benfica a contar para o campeonato dividiu Eusébio, que relatou só ter decidido alinhar a 12 minutos do início do encontro. Lesionado, recusou-se a marcar um livre quando o jogo estava empatado a dois golos. O jogador admitiu que “não podia marcar um golo ao meu Benfica.”

O capital americano falava mais alto e vendo o final da carreira ao virar da esquina, representou os Toronto Metros-Croatia e os Las Vegas Quiksilvers em 1976 e 1977. O jogador viria a marcar no resultado por 3-0 para ganhar o título da 76 Soccer Bowl da NASL.

Tal como mencionado, jogou ainda dez partidas pelo Monterrey no campeonato mexicano e representou os Las Vegas Quiksilvers em 1977. Os seus joelhos não suportavam muito mais lesões e apenas marcou dois golos na temporada. Na época seguinte representaria os New Jersey Americans da segunda liga (ASL).

Antes de pendurar as chuteiras, jogou em cinco partidas com a camisola dos Buffalo Stallions no campeonato de showbol da Major Indoor Soccer League. Em 1979 abandonava o futebol dentro das quatro linhas e juntava-se à comissão técnica da Seleção Nacional Portuguesa, cargo que representou até ao final da sua vida.

A Perda de Uma Lenda

Eusébio da Silva Ferreira faleceu na madrugada de 5 de janeiro de 2014 aos 71 anos vítima de insuficiência cardíaca. O seu cortejo fúnebre foi acompanhado por milhares de pessoas e as homenagens replicaram-se um pouco por todo o mundo, de Old Trafford até ao Santiago Barnabéu.

A 3 de julho de 2015 os restos mortais de Eusébio foram transladados para o Panteão Nacional onde repousam agora entre os nomes maiores da nação. A sua estátua está presente na entrada do Estádio da Luz em Lisboa, frente à Avenida Eusébio da Silva Ferreira, um troço da 2ª circular que representa uma homenagem póstuma.

O Legado de Eusébio no Século XXI

Para as gerações mais novas, as referências a Eusébio estão presentes um pouco por todo o lado, nomeadamente pelas homenagens recorrentes do SL Benfica e inúmeras referências no museu do clube. Um dos jogos mais conhecidos da atualidade sob a marca FIFA, atualmente EA FC 24, inclui Eusébio como um dos melhores e mais dispendiosos jogadores que é possível adquirir.

A influência do Pantera Negra em grandes lendas como Luís Figo, Rui Costa ou Cristiano Ronaldo é inegável. Este último já pertence a uma geração que aposta e sabe jogar casino no telemóvel, onde as comparações são inúteis. Cristiano viria a bater os recordes e tornar-se o nome maior do futebol nacional. Eusébio jogou cerca de 60 partidas para marcar 41 golos, enquanto Ronaldo precisou de 106 partidas.

Para muitos, Eusébio da Silva Ferreira foi o melhor jogador de futebol de todos os tempos. Rival de eternas comparações com Pelé, representa tempos mais simples de futebol marcado mais pela paixão e menor influência financeira. Numa época em que a TV ainda dava os primeiros passos, o seu nome já dava a volta ao mundo. Se tivesse de o descrever numa única palavra, esta seria eterno.

Perguntas Frequentes (FAQ)

Espero que tenhas gostado de conhecer ou relembrar a história de um dos maiores nomes do futebol. Trago-te muitos outros artigos e notícias e se gostares de matérias desta natureza, comenta nas nossas redes sociais e trarei mais lendas do futebol. Agora visita a secção dedicada às perguntas frequentes relacionadas com o King.